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Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2025

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Famílias indígenas são alojadas nos fundos de cemitério em Joaçaba, gerando debate sobre dignidade e inclusão

A cena se repete anualmente nesta época do ano, quando os indígenas migram para a cidade com o objetivo de comercializar artesanatos nas ruas centrais

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Famílias indígenas são alojadas nos fundos de cemitério em Joaçaba, gerando debate sobre dignidade e inclusão
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Fotos registram a realidade de famílias indígenas, incluindo crianças e adolescentes, alojadas em acampamentos improvisados nos fundos do cemitério municipal de Joaçaba. A cena se repete anualmente nesta época do ano, quando os indígenas migram para a cidade com o objetivo de comercializar artesanatos nas ruas centrais, aproveitando o movimento das festas de Natal.

Segundo Sandra Pacheco, Secretária de Assistência Social, o espaço foi designado pela administração municipal para receber os indígenas. A área conta com infraestrutura básica, como água, banheiros e energia elétrica, e foi disponibilizada em cumprimento a uma determinação do Ministério Público Federal em 2017. A decisão do MPF exige que os municípios ofereçam locais apropriados para acolher essas famílias. No entanto, a escolha do terreno nos fundos do cemitério tem gerado questionamentos sobre a adequação e o respeito à dignidade dessas comunidades.

Permanência limitada e regras de convivência

Em Joaçaba, os indígenas podem permanecer no local por até 20 dias, conforme um acordo mediado pela Secretaria de Assistência Social. Durante esse período, eles têm o direito constitucional de circular livremente e comercializar seus produtos, desde que respeitem regras, como a proibição da participação de crianças nas atividades de venda.

Apesar disso, a presença de crianças é comum, já que as famílias indígenas costumam se deslocar com seus membros de forma conjunta. Esses deslocamentos são sazonais e geralmente coincidem com períodos de maior movimentação comercial, como Páscoa e Natal. Especialistas alertam para os impactos que essa situação pode gerar no bem-estar e na educação das crianças, que ficam temporariamente afastadas de suas comunidades e escolas.

Debate sobre acolhimento e exclusão

A escolha de um terreno nos fundos do cemitério como espaço de acolhimento levanta críticas de organizações sociais e moradores, que consideram o local inadequado e simbólico de isolamento. Embora a infraestrutura básica esteja garantida, a localização é percebida por muitos como uma forma de exclusão, reforçando preconceitos e dificultando a integração dessas famílias na dinâmica social da cidade.

O controle de entrada e saída no local é outro ponto que gera discussões. Segundo a administração municipal, a medida visa garantir segurança tanto para os indígenas quanto para a comunidade local, mas a fiscalização também é vista como uma barreira ao livre trânsito dos grupos.

Desafios para o futuro

A venda de artesanato pelos indígenas não é apenas um meio de sustento, mas também uma forma de preservar e difundir sua cultura. No entanto, o caso de Joaçaba expõe um desafio mais amplo: como acolher essa população de maneira digna, respeitando sua identidade cultural, sem comprometer as normas e os interesses da sociedade urbana?

Para além da infraestrutura oferecida, é necessário ampliar o diálogo entre as autoridades locais, lideranças indígenas e organizações sociais. O objetivo deve ser a construção de políticas mais inclusivas, que contemplem soluções respeitosas, valorizem a diversidade cultural e promovam a integração social, garantindo condições adequadas de permanência para essas famílias.

Enquanto isso, a imagem das famílias indígenas alojadas atrás de um cemitério segue como um lembrete da urgência em repensar a forma como a sociedade trata suas populações originárias, especialmente em contextos urbanos.

 
 
FONTE/CRÉDITOS: Rádio Catarinense FM
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