O bombeiro Helton Voltolini, que atuou no resgate da mulher de 27 anos que caiu de uma ponte em Araquari, no Norte de SC, e ficou pendurada por um cadarço, se contaminou com a água do rio e precisou de atendimento médico. Ele apresentou sintomas um dia depois da ocorrência.
A mulher, identificada como Ester Florindo, conta que ficou cerca de duas horas agarrada no cadarço do marido, que tentava puxar ela de volta para a ponte. O caso aconteceu na quarta-feira (25), em uma ponte desativada.
O local não possui sinal de celular constante e conta com trilhos de trem antigos, e acesso somente por trilha. O bombeiro Helton relembra que um tempo após o resgate começou a sentir os sintomas.
— Vinte e quatro horas após a ocorrência, comecei a ter os primeiros sintomas de diarreia, vômito, febre baixa, etc. O médico acredita que foi uma gastroenterite devido ao contato com a água suja — disse.
Na sexta-feira (27), ele passou por atendimento e foi medicado. No sábado (28), o bombeiro já se sentia melhor.
— Uma situação bem complicada, mas, graças a Deus, já estou bem — afirmou.
A vítima, Ester, disse que ao contrário do que havia sido divulgado em um primeiro momento, ela não caiu por conta de uma tentativa arriscada de fazer uma foto. Inclusive, ela estava sem o celular quando caiu.
— Nós estávamos sentados. Foi quando meu esposo se moveu para arrumar a perna que eu cai na água. Não vi como aconteceu, apenas senti que foi a perna — relembra.
— Quando eu caí no rio, eu consegui, com meus pés, localizar uma estrutura de cimento. Não sei se era um ferro, o que era, pontudo para cima. Como eu estava de tênis, eu subi em cima. Eu consegui firmar meu pé ali e as minhas mãos na pedra — completa.
Momentos de tensão
Ester conta que a corda na qual ela ficou agarrada até a chegada dos bombeiros foi feita de forma improvisada, com o cadarço do tênis.
— Eu tirei um tênis meu e joguei para ele [esposo] lá para cima. Com esse cadarço do meu tênis, com um cadarço do tênis dele, ele fez tipo uma corda improvisada e com a calça dele e a blusa, ele fez outra corda. Uma das mãos eu segurava a calça e a outra, o cadarço”.
— Com medo da maré subir, lembrei que meu celular estava em cima [da ponte] e sugeri que ligasse para a emergência. Foi complicado conseguir conexão, mas quando pegou ele ligou, nervoso, mas conseguiu contato”, diz.
Já machucada e cansada, suspensa no local e na tentativa de manter o pé na estrutura, ela aguardou pelo socorro, que chegou através do sargento Helton Vicente Voltolini. Ele foi o primeiro a chegar, depois de correr por cerca de 3 quilômetros por uma trilha para chegar mais rápido ao local.
É ele que aparece em um vídeo, retirando a mulher da água. O sargento conta que a vítima não sabia nadar e estava bastante cansada. O vídeo mostra o bombeiro tranquilizando a mulher, que disse que achava que iria morrer.
Resgate delicado
Como o local é de difícil acesso, feito somente andando pela linha férrea, os bombeiros tiveram dificuldade para chegar até a vítima. Não havia serviço de helicóptero na região no momento.
A mulher tinha ferimentos no braço, perna e nos pés, que ficaram em contato com a estrutura de concreto da ponte. Ainda, relatou que havia ingerido um pouco de água e que estava nervosa, com medo e dolorida.
Ela foi levada ao Pronto Atendimento de Araquari para avaliação médica e para realizar o tratamento por contato com ferragem contaminada da ponte e água suja do rio.
O marido também tinha escoriações no peito e braços, pelo tempo que segurou a esposa pelos cadarços e roupas, além de queimaduras nas costas, onde o sol pegou durante as quase duas horas.
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